Olá, sejam
bem-vindos ao meu blog. Esse é meu primeiro post e espero que apreciem a
leitura.
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Fiquei
pensando em como recomeçar a escrever como no tempo de minha juventude. Agora,
já na maturidade, pensei no quanto de experiências vividas, erros e acertos
tenho para compartilhar.
Erros por inexperiência, falta de orientação, insegurança ou por
ignorar as malícias uerdo mundo, cobranças sofridas sem ter recebido qualquer orientação, sem ter
quem mostre as mazelas da vida, fazem com que você aprenda sozinha, tendo como
consequência uma série de tombos, que causam inúmeros ferimentos, e nós
acabamos atingindo quem está por perto, ainda que sem intenção. Mas ao retornar
a escrever, não há como ignorar o assunto do momento.
Não sem motivo, eu me vi perplexa diante de uma epidemia, chamada
feminicídio. Ela sempre existiu, de alguma forma, ou de várias formas, para
melhor colocação das palavras. Cresci vendo mulheres sendo olhadas por seus
conjugues, com olhar de ódio, desprezo e zombaria. Pareciam prisioneiras de uma
cultura imposta pelo machismo imperante da época, que as submetia às mais
dolorosas humilhações, como um entendimento cauterizado de que a vida da mulher
era daquele modo. E, nesta visão, estas mesmas sofridas mulheres se punham a
criticar as poucas que, na época, tinham coragem de reagir. No entanto, era
possível perceber a ponta de inveja. Aflorava a tristeza, ao ver os homens
casarem com o propósito explicito de castigar.
Tais mulheres tornavam vítimas da depressão, que então não era
reconhecida como enfermidade, nem mesmo se ouvia falar tal expressão. Tratavam
como manifestações de preguiça, rebeldia e até mesmo problemas espirituais. Na
verdade, era tristeza profunda. A depressão também mata. A pessoa depressiva, ainda
que respirando, deixa de viver, passa apenas a existir, e não há nada mais
maléfico do que apenas existir – Mulheres que se deitaram, um dia, sem saber
dizer o que estavam sentindo e, dois meses depois faleceram, em uma fase da
vida que deveriam estar realizando sonhos, começando uma vida que nunca
tiveram.
Vi, também, mulheres serem internadas em hospícios, simplesmente,
por terem manifestado a sua inteligência, exteriorizando seus pensamentos
contrários ao domínio machista, ou mesmo por expressar seus ideais ou
apresentar soluções impensadas pelas mentes masculinas, ofuscando o privilégio
masculino de encontrar uma saída para problemas difíceis. Herança de mentes masculinas
doentias.
Hoje, porém, diante da gama de informações, oportunidades para
estudar, faculdades a disposição, palestras de especialistas, os meios de
comunicação abordando o assunto o tempo todo, através de entrevistas e
reportagens que contemplam episódios terríveis, fico me perguntando o motivo de
tanta crueldade, covardia e ódio que muitos homens carregam em seus corações.
Eles têm acesso a estudo e frequentam academias, onde o culto ao corpo passa do
normal ao exagero. Conseguem simular o amor de forma que induz a mulher a
pensar que encontrou a sua cara-metade, quando, na verdade, está a caminho do
que será o seu fim. Seus planos de formar uma família linda e exemplar, como as
dos comerciais de margarina nunca se realizarão.
Nós, seres humanos, não vivemos uma realidade. Vivemos mergulhados
num teatro, sempre representando para os outros. Isso nos leva, constantemente,
a um choque de realidade quando somos obrigados a dividir o mesmo espaço com
outra pessoa, entre quatro paredes. O susto é grande, como se deparássemos como
uma máquina de matar. Matar sonhos e esperanças, coisa que conduz à morte ainda
em vida, pois, passamos apenas a existir. Assim, perdemos a força para reagir
Muitas mulheres acham que podem, só com o amor, consertar o outro.
Mas longe disso, a crueldade é uma questão de escolha. Uma linha tênue nos
despeja nas searas da prepotência e ingenuidade: “comigo, ele vai mudar”.
Assim é final de muitas, sem alcançar que a percepção de um
verdadeiro relacionamento é no plural e não no singular.
Obrigada por
ler até o fim. Até a próxima.